domingo, 11 de setembro de 2011

Chega de enganos: pare de reclamar da corrupção!




Sim, o título é forte e é o que eu penso mesmo. Mas não me xingues antes de ler, peço. Depois, à vontade.

Corrupção é um termo genérico, que descreve, em síntese, o uso de meios ilegais para obter algo. Ilegal, por óbvio, é o que é contra a lei (civil, trabalhista, penal etc). Em se tratando de agentes públicos de toda a sorte, o que é imoral torna-se ilegal também, por força do princípio constitucional da moralidade administrativa. Só para constar, não pretendo discutir conceitos.

Meu ponto é que somos (quase) todos corruptos em se tratando de defender nossos interesses pessoais. Porque, efetivamente, poucos de nós (humanos, brasileiros, primordialmente) deixamos de cometer ilegalidades quando as oportunidades se nos apresentam, em nosso próprio favor. Discorda? Você não o faz? Não acelera um pouco no sinal amarelado para ganhar tempo? Não ultrapassa pela direita ou pelo acostamento? Não fura a fila ou entra numa contra-mão? Não dá aquela ajeitadinha no imposto de renda? Não esconde produtos para camuflar a cota na fronteira? Não come uma uvinha no supermercado antes de pesar? Não usa o telefone ou impressora da empresa para fins particulares? Não dirige depois de uma cervejinha? Ah, bom...

Então, aparece a primeira justificativa: uma coisa é uma coisa, outra... coisas de pequena monta... o que é uma balinha para uma rede mundial de supermercado, afinal?... Hum... e R$100.000,00 no orçamento da União, de centenas de bilhões? Quase nada, né? Sei...

Desnudemo-nos: o jeitinho da nossa tão cantada cultura, já denunciado por Sérgio Buarque de Hollanda, Raymundo Faoro e Darcy Ribeiro, entre outros, faz parte de nós. Há belas e louváveis exceções, conheço pessoalmente uma mão cheia talvez, mas, em regra, somos todos pequenos, médios e grandes corruptos. E a maioria dos pequenos não cresce por falta de cargos, digo, de espaço. Nosso lema é "o importante é levar vantagem em tudo", a malandragem, esperteza, o ganho fácil. Por isso meninos crescem querendo ser Ronaldos, meninas querem ser esposas dos Ronaldos ou de cantores famosos, meninos e meninas grandes querem ganhar na Mega-Sena e mandar o chefe para aquele lugar ou ganhar o prêmio do BBB.

Se a sua maior crítica política é dizer que "político é tudo igual" (sic), cuidado: podes estar afirmando que eles são iguais a você. E digo: realmente o são. Por quê? Porque em meio a 513 deputados federais, não se tira uma dezena que não gaste o que pode em verbas de gabinete, passagens etc, ou que vote contra aumentos incríveis para os próprios salários, para falar o mínimo. O que você faria se estivesse lá? E se uma empreiteira lhe oferecesse mimos, como jatinhos, jantares, convites, presentes? Seja sincero com você mesmo: você não entraria no jogo, se pudesse?

Portanto, pare de reclamar da corrupção! Não se una a eventos no Facebook, não vá a marchas contra políticos, não choramingue! Os que você elegeu (se é que você se lembra deles) são parecidos com você: acham que "não vai dar nada", acham que o que estão fazendo não prejudica outras pessoas, acham que sua conduta se justifica, de uma forma ou outra. Proteste se, após um exame apurado e imparcial, você perceber que está fazendo a sua parte, de verdade. Caso contrário, cale-se. É menos "feio".

Onde está a raiz de tudo isso? Entre outros, no querer sempre mais. Não basta uma casa confortável, emprego estável, dois carros na garagem e contas equilibradas: é preciso ter dinheiro pra esbanjar, vinhos no valor de um automóvel, jantar no valor de um salário mínimo, roupas importadas, carro no valor de um imóvel. Para você, não basta ganhar na mega-sena com prêmio de um milhão, tem que ser na acumulada! Para um político, não basta o salário limitado pelo teto do STF, tem que ter um extra pra pagar as contas! Vocês são tão diferentes assim?

Agir dentro dos limites da moral implica uma luta diária contra os impulsos externos que a sociedade de consumo e da fruição dos prazeres ocidentais nos impõe, bem como do duelo entre o respeito ao outro e a satisfação das próprias necessidades. Muitos nem se dão conta da existências desse combate. Muitos não estão dispostos a travá-lo. Alguns lutam - mesmo que as pequenas vitórias não esbanjem glória.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Voltando...

Sim, voltei.

Como sou rebelde - fato que não nego mais -, escrevo quando a vontade vence a preguiça. Confesso, já há algum tempo tenho preferido o Facebook e seu jeito dinâmico e sucinto de compartilhar pensamentos com a web.

Dias atrás, inclusive, fiz uma leve comparação entre mulheres e meninas, respondendo a uma provocação que aparecia nos murais de várias amigas - como são fáceis, vastas e rasas as amizades virtuais! - de lá sobre homens e meninos... 50 pessoas "curtiram" e mais de 30 comentaram. Um sucesso! Senti-me o próprio Carpinejar (tá bom, não o Carpinejar, não escrevo tão bem mesmo e nem sou tão feio´- o Universo é justo). Dias depois, o texto ainda rolava por lá, compartilhado por amigos que o viram em murais de pessoas de outras cidades - viva o dinamismo.

Contudo, o ponto não é enaltecer-me. É pensar sobre os interesses das pessoas - principalmente das mulheres, já que os interesses do "homem médio" são em geral singelos: por si sós, não merecem comentários escritos, esgota-se o tema em conversas de bar regadas a risadas e bons goles de cerveja.

No Facebook e Twitter, já postei sobre segurança pública, liberdade de expressão, desigualdades, espiritualismo, ética, política, direito, futebol e tantos outros temas interessantes (ou nem tanto), porém, nada repercutiu - e repercute - como temas ligados a relacionamentos amorosos e comportamentos de mulheres e homens quanto a compromissos, sentimentos, encantamentos. Por quê? Sem medo de ser piegas, o derradeiro valor que o ser humano preza é o amor.

Alguém pode discordar disso? E quanto aos temas de livros, filmes, canções, conversas de família e também de vizinhas fofoqueiras, comentários de corredor ao pé do ouvido nos mais diversos ambientes? E o resto?...

Eu mesmo, que me interesso por uma gama de assuntos tão variados que me exigiriam, se tivesse a pretensão de aprofundá-los, dias de 38 horas, volta e meia volto a pensar a respeito do profundo universo dos relacionamentos amorosos. Há alguns outros dias, escrevi:


Há um sentimento estranho e poderoso chamado amor, que permeia os olhares de todas as pessoas que encontro, seja onde for. Por mais egoístas e desvairadas que sejam as atitudes que vejo, leio, percebo, intuo, não há um fundo de olhar que não contenha sua busca, ainda que com ações equivocadas, pautadas pelo desamor e outros sentimentos perversos. É a força desse sentimento que me dá esperança de seguir acreditando que a Terra pode ancorar o céu e ser um lugar melhor.


Tudo bem, não vou bater só nessa tecla - até porque se trata de um poço sem fundo. Uma colega de trabalho disse-me que isso é efeito do chocolate. Não acredito. A entrada da primavera, talvez? Não. Apenas a percepção de que o combustível secreto que move o mundo nem sempre é o dinheiro. Por muitas vezes, é o meandro das relações - das mais vãs até as mais nobres estirpes - amorosas. Em breve, mais observações.