sexta-feira, 12 de junho de 2009

O curioso caso de Benjamin Button


Apenas há poucos dias assisti ao comentado filme "O curioso caso de Benjamin Button", que foi indicado ao Oscar passado. Trata-se da história de um homem que percorre o caminho oposto da vida: nasce idoso, e aos poucos vai ficando jovem. A ideia não é original: o filme é baseado num famoso conto escrito em 1920 por F. Scott Fitzgerald sobre um homem que nasce aos 80 anos e vai ficando mais jovem a cada dia que passa. O mérito da película é contá-la com maestria, demonstrando todas as vantagens e as desvantagens práticas que essa inversão implica: o choque do pai, que o abandona, a dificuldade de aceitação, convivência e aprendizado, o isolamento, os laços amorosos, a impossibilidade de se envelhecer ao lado de quem se ama e de criar filhos, a vida vivida em plenitude e a valorização de cada segundo dela. A atuação de Brad Pitt (foto) é excelente, a fotografia é impecável e a qualidade do elenco surpreende. E outro detalhe: o filme não perde o foco da personagem central, ou seja, a história é bem contada tanto quanto à situações inusitadas decorrentes dessa inversão biológica - cuja causa é posta à reflexão do espectador, não sendo, inteligentemente, explicada -, quanto à personalidade e ao caráter de Benjamin Button. Recomendo.

Durante o filme, lembrei-me de meu falecido avô, Luís de Oliveira, português de Trás-dos-Montes que imigrou para o Brasil com 4 anos de idade, e se orgulhava de ter sido a primeira pessoa a guiar um carro na cidade em que viveu e morreu, Sete Lagoas (MG). Não convivi muito com ele, mas em certa ocasião, com sua característica simplicidade, ele disse: "um filho não pode morrer antes que um pai. Isso não está certo". É que o filme começa contando, brevemente, a história de um joalheiro cujo filho morreu na 1ª Guerra Mundial. Só depois de ser pai é que descobri a plenitude da razão das palavras de meu avô.

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